Quanto ganha um Técnico Superior de Segurança e Higiene no Trabalho em Portugal?

Quanto ganha um Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho em Portugal?

Esta votação destina-se a obter uma referência meramente indicativa da remuneração média de um profissional de SHT.

Nota: Apenas fica registado o voto. Os dados dos participantes nesta votação não ficam registados.

Os comentários também são bem vindos.

Olá Paulo,


O grande problema é que existem muitos Técnicos V a receber o mesmo que os de nível III... o País está em crise e a malta precisa de trabalhar não é verdade colegas? Ainda para mais que agora com a licenciatura praticamente deverão deixar de existir nível III e passar tudo para nível V

Todos os níveis III que conheço estão ou vão tirar esta licenciatura na perspectiva de ganhar mais, mas o problema é eles não ganham mais, e os que já eram nível V estã a ser contratados por valores cada vez mais baixos, uma vez que a oferta é cada vez maior.

Atenção que com isto não quero dizer que um nível III é melhor ou pior que um V (já vi de tudo... V muito maus e III muito bons e vice-versa) estou só a falar de vencimentos...não quero melindrar ninguém (tenho tido más experiências com este tema)


bteixeira

Bom dia,

A minha perspectiva sobre este assunto é a de que, maioritariamente, os técnicos de SHT, independentemente de serem nível III ou V, são mal remunerados tendo em conta a especificidade e responsabilidade da função.

Logicamente, um nível V deveria receber mais que um nível III, no entanto tal não sucede de uma forma geral, não só porque existe mais procura que oferta, mas também porque se começou a verificar que os nível III, na ausência de hierarquia, executam actividades de nível V e vice-versa.

Ou seja, supostamente, e descrito de uma forma bastante simplista, o técnico nível V deveria ser o gestor e organizador dos serviços de SHT e o técnico nível III o que se encarregaria do desenvolvimento desses serviços. O que se constata na prática é que não existe hierarquia dentro do serviço porque o serviço de SHT das empresas, de uma forma geral, apenas possui um elemento. Com isto deixou de existir distinção entre as actividades de nível V e as de nível III. Aos olhos do empregador, se ambos executam as mesmas actividades, é mais favorável contratar um nível III, ou um nível V que se sujeite a receber o mesmo que um nível III.


Cumps,
Paulo Ferreira

bom dia

concordo com o que foi dito anteriormente, queria acrescentar que por vezes acontece que

o TSHST de determinada empresa acumula funções com outro cargo.

No nosso país em pequenas e médias empresas o lugar de TSHST ainda não é assumido pela entidade patronal,

sendo esse cargo acumulado pelas chefias de diversos departamentos.

Pode ver-se quando uma oferta de trabalho para Eng.Civil, Eng.Mecânico, Eng.Ambiente

hoje em dia condição - Ser TSHST Nível V.

Logo julgo que grande parte das pessoas que desempenham as funções de TSHST, recebem pela

outra categoria para a qual foram contratados.

htiago escreveu:

Logo julgo que grande parte das pessoas que desempenham as funções de TSHST, recebem pela

outra categoria para a qual foram contratados.

Bom dia,

Isso seria o ideal, mas acredite e vá por mim, quem desempenha funções de TSHST e, acumula com outras, não é pago como tal, apenas a responsabilidade aumenta, o salário não...tenho muitos casos próximos, até porque no entender da maioria dos empregadores "essa coisa da segurança é apenas um complemento à função que efectivamente querem que o trabalhador exerça" não estão muito preocupados se dá mais trabalho ou não, querem é cumprir os requisitos legais e, sem muitas chatices...

Com empregadores a EXIGIREM cada vez mais competencias numa única pessoa.., preferencialmente sem aumento de salário...

Um TSHST é "Pau para toda a obra"...

É o país em que vivemos meus senhores...

bteixeira

A hora está avançada e como tal não vou desenvolver muito, no entanto, aproveito para deixar a minha situação para análise. Sou Técnico de nível 3 com experiência de 2 anos, encontro-me neste momento a trabalhar para 2 empresas (partilham as mesmas instalações), ambas com 70/80 trabalhadores cada. Desenvolvem trabalhos considerados de risco elevado e têm mais de 30 trabalhadores expostos a esses mesmos riscos, como tal, são obrigadas a ter serviços internos.

Como têm mais de 50 trabalhadores são obrigadas a ter 2 THST, um dois quais nível V. Conclusão, supostamente deveriam ter 4 Técnicos, dois para cada empresa.

Ora, a realidade é que estou sozinho desde que comecei a trabalhar (por troca com uma TSHST), sou o responsável pelo Departamento de HST e Ambiente das duas empresas. Apesar de avisar por várias vezes que tanto a nível de tarefas como de responsabilidade e competências a empresa deveria ter pelo menos mais um Técnico, dado que se torna extremamente difícil dar conta do recado, ainda mais quando entrei na empresa sem qualquer experiência profissional na área. O pior é que não tive e não continuo a ter alguém como referência para discutir as duvidas que vão surgindo, a ajuda que recebi foi em grande parte através dos meus amigos que também têm este curso (todos de nivel 3) e este fórum.

Aproveito desde já para agradecer ao Paulo as varias respostas que foi dando às minhas questões.

A verdade é que as entidades (ACT) que deveriam controlar estas situações não se preocupam muito, ou pelo menos não me parece que seja sua prioridade verificar o cumprimento dos serviços de HST das empresas. As administrações de grande parte das empresas nacionais também não veêm como bons olhos o investimento nesta area, esta situação aliada ao controlo deficiente das entidades só ajuda para que situações como a minha sejam cada vez mais frequentes. A realidade é que todos saem a perder com esta situação, eu porque tenho que aprender na tentativa/erro, as empresas porque não estão devidamente salvaguardadas, os técnicos de nivel V que desta forma não conseguem arranjar empresa e por fim os trabalhadores que são aqueles que sofrem na pele a má gestão das administrações.

Sem dúvida alguma que até agora aprendi bastante mas sei muito bem que poderia ter evoluído muito mais como profissional se tivesse ao meu lado alguém com experiência e com competências para gerir o departamento. No que toca ao ordenado, que é o tema principal deste tópico, (como respondi no tópico respeitante aos técnicos de nivel 3) recebo o mínimo por tabela e às vezes dá a entender que até é demais. Infelizmente poucos têm real noção da grande responsabilidade de um Técnico de HST, ou o responsável do departamento.. Enfim, é o que temos!

Abraço

Bom dia!

Será a minha primeira menssagem no fórum.

Sou TSHST já terminei algum tempo o meu curso mas apenas à 6 meses tou a desempenhar funções de técnico.

Reparei na votação que a média é de De 751€ a 1000€ o que realmente é muito bom tendo em conta a situação do nosso país(digo eu).
Tive cerca de 2 anos a enviar curriculos e apenas uma vez fui chamado para uma entrevista, isto no meu ver porque teria pouca expriência para desenpenhar as funções de Técnico.
Como disse anteriormente tou à cerca de 6 meses a trabalhar e ordenado nem vê-lo, apenas recebo de acordo com as auditorias que faço. Sempre a ouvir promessas por parte do meu empregador que o dia de amanhã poderá vir ser melhor.
Tenho vindo arrastar esta situação para conseguir ter mais algum experiência e assim poder estar em pé de igualdade com outros técnicos, mas esta situação tornasse muito dificil tendo em conta as despesas que todos temos diáriamente.

Já nem queria receber a média que alguns recebem, apenas queria receber alguma coisa.
Fica assim aqui o meu testemunho.

Cumprimentos,

Bruno

O ordenado não depende apenas de ser considerado TSHT mais sim das funções de SHT que determinado técnico tem além de outras.
Apenas possuir uma qualificação CAP 5 ou CAP 3 não dá àquele técnico competência suficiente per si para exercer a profissão em determinada organização.
O domínio da segurança e higiene no trabalho é vasto e é praticamente impossível ser técnico com competência reconhecida em todas as suas disciplinas.

Um dos problemas que existiu, em termos de ensino para a profissão de técnico superior, foi a reconversão de pessoas que possuiam cursos superiores que não têm saída no mercado de trabalho sem se acautelarem determinados aspectos relacionados com a formação base. Reconverteram-se essas pessoas para uma área em desenvolvimento, fazendo uma correcção, quando a causa principal está logo no início. A causa principal é a existência de cursos superiores que não possuem saídas para o mercado.
Não contesto a decisão que foi tomada em termos governamentais e políticos, acho que as pessoas devem ser aproveitadas e reconvertidas "ao mercado de trabalho", nem quero que os colegas me percebam mal, mas perdoem-me a expressão, fizeram-se cursos de SHT a "pontapé".
A lei da oferta e da procura natural no mercado fez o resto.

A própria lei 102/2009, art.º 101 (a anterior já permitia) contém os critérios para o n.º mínimo de técnicos de SHT necessários ao serviço de SHT. Mas... será mesmo?
A lei fala em "afectação de técnicos aos estabelecimentos" - tem a ver com responsabilidades - e não que esses técnicos tenham de estar afectos a 100% do seu tempo de trabalho a um determinado estabelecimento ou pertencer mesmo a esse estabelecimento. No limite, o mesmo técnico pode estar afecto a dois estabelecimentos diferentes com 50% do seu tempo, a 3 com 1/3 do seu tempo de trabalho para cada um e assim por diante. Existirão empresas que não necessitam do técnico de SHT a tempo inteiro nessa função e noutras empresas que um técnico é pouco, face às actividades e rotinas de trabalho.
Por isso, algumas soluções passam por ter um técnico afecto por exemplo 50% do seu tempo à gestão da SHT e o tempo restante com outra função relevante na empresa. A ACT tem a última palavra sobre isso em caso de dúvida, dúvida que a empresa não colocará, claro.

Existem várias variáveis para a formação de um ordenado de um técnico de SHT:

- O técnico de SHT com CAP n tem competência/formação adequada para exercer outras funções relevantes na empresa para além dessa?
- O técnico de SHT com CAP n tem experiência do "terreno", questão muito importante para as avaliações de risco?
- O técnico de SHT com CAP n tem formação e ou experiência profissional adequada às actividades da empresa onde se encontra a exercer as funções?
- O técnico de SHT com CAP n é líder ou é-lhe reconhecida liderança? Ele é visto como uma mais-valia ou menos-valia, dependendo da cultura da organização?

Existem ainda outras qualificações necessárias para tratar de certas vertentes de SHT que um técnico apenas com um CAP de SHT não pode ou não deve fazer e que se enquadram na avaliação de riscos e na organização da empresa, como por exemplo:

- projectos de segurança contra incêndios;
- avaliação de riscos químicos
- avaliação do ruido ocupacional
- estudos ergonómicos (excepto aquelas que saltam à vista)
- avaliação de riscos de exposição a radiações perigosas
- coordenação de segurança em obra
- A empresa onde exerce a actividade apresenta uma gestão de riscos complexos? É uma área de construção civil, uma área industrial, uma área de minas, é um ambiente com riscos de explosão e incêndio maior ou é uma empresa de formação, de escritórios de serviços etc...? Está dispersa pelo país ou está situada num só local?
- a empresa apresenta uma tabela salarial alta ou é normalmente baixa já para as outras funções?

O ordenado depende desses factores e de outros.

É normal que as empresas escolham técnicos de SHT cuja formação escolar e ou experiência profissional lhes permita atribuir outras funções se necessário, dentro das actividades da empresa. E para essas formações escolares e experiência profissional, as dificuldades de emprego já eram menores antes. O CAP 3 ou CAP 5 é visto como uma mais-valia na escolha do técnico, não sendo todavia, face ao mercado, o elemento imprescindivel, porque há muitas pessoas com esses certificados. O ordenado neste caso poderá ser maior devido às outras funções que lhe poderão ser atribuídas.

Quando não interessa a formação base ou a experiencia profissional do técnico mas apenas ter CAP 3 ou CAP 5 em SHT, as empresas pagam pouco, porque há muitos técnicos SHT nessas condições.

Uma visão prática e polémica da situação:
Tenho vários técnicos com CAP nível 3 que trabalham comigo. Têm todos mais de 10 anos de experiência e dois têm 20 anos em funções de gestão e operacionais de segurança no trabalho. Não os troco por Técnicos nível 5. E depois de me aperceber a dificuldade que alguns técnicos de nível 5 tinham em fazer contas simples com as fórmulas dos índices estatísticos, muito menos.


Mas esta é apenas a minha opinião.

Melhores Cumprimentos

V.

Boa tarde

Esta é a minha primeira prestação neste forum!!!
Quando verifiquei que a votação para o salário médio de um técnico Superior de HST ronda os 750€ a 1000€ fiquei feliz pelos que recebem esses valores , eu exerço funções de TSHST e Técnica de HACCP e recebo de base 520€ + objectivos, no final de tudo tenho um salário de 700€, o que é uma miséria tendo em conta que acumulo funções !!!!

Boas,

é evidente que todos nós precisamos de ganhar a vida e por isso mtas vezes aceitamos ordenados não condizentes com as responsabilidades que temos... no entanto, também temos alguma culpa por não dizer basta! Se todos recusassemos certos valores (quase ridículos), as entidades patronais seriam obrigadas a elevar os valores dos salários. Na teoria era isso q todos deviamos fazer...

Este é o meu primeiro post neste fórum por isso permitam-me uma breve apresentação.

O meu nome é Tomás Oliveira sou de Vila do Conde e sou TSHST com 5 anitos de experiência (e já a pensar na reforma )!!!

Relativamente ao assunto em causa efectivamente somos todos mal pagos (e por muito dinheiro que se receba quer-se sempre mais não é?), deixem-me só deixar alguns comentários:

• Na minha opinião um dos problemas que nós temos tem a ver com as más condições a que muitos técnicos se sujeitam (e muitas vezes tem mesmo de ser, eu também já passei por isso), e depois é uma bola de neve que nos arrasta a todos;
  
• Eu não gosto de generalizações e alguem referiu atrás que não troca os Técnicos de nível III pelos de nível V, com todo o respeito por todos eu acho que há de tudo. Pessoalmente conheço Técnicos NIII fabulosos e outros terríveis, e o mesmo se passa com Técnicos de nível V. Por isso individualizem um pouco mais as pessoas: humanizar e não rotular!
  
• Só uma nota adicional, mais do que escolaridade ou nível eu acho é que todos nós devemos receber pelas nossas capacidades e competências. No entranto nem sempre a maior responsabilidade se converte em maior salário (depois poderei desenvolver o assunto por MP a quem estiver interessado)
  
  Cumprimentos para todos.